O mercado de açúcar em NY fechou a semana com queda de 140 pontos em relação à sexta-feira anterior a 22,52 centavos de dólar por libra-peso. Foi o segundo pior desempenho das commodities na semana, perdendo apenas para o café que caiu 6,9%. Milho e soja também realizaram e fecharam com queda. De qualquer maneira, as commodities estão indo muito bem até aqui no mês de julho. Empurradas pela seca nos Estados Unidos, somente neste mês o milho já subiu 23%, a soja 14,5% e o açúcar 7%.
O cenário macro ainda afeta os mercados e ninguém tem a menor ideia de quando essa situação ruim na Europa vai ter solução. Tem sido muito difícil para os traders que operam no dia-a-dia, os tais day-traders, apurar o faro e acertar a tendência. O mercado está muito nervoso e isso se reflete nos spreads e na volatilidade, que tem subido gradativamente.
Um executivo do mercado, bastante desanimado com a situação atual, acredita que, pelo menos no que se refere ao etanol, estamos no fundo do poço. O governo está cada vez mais espremido no canto da parede e não vai conseguir evitar por muito mais tempo o congelamento pernicioso do preço da gasolina. O sangramento no fluxo de caixa da estatal brasileira de petróleo vai puxar o gatilho do aumento na bomba, antes mesmo das eleições, acredita ele. Por outro lado, com a melhora do preço do petróleo no mercado internacional, subindo 12,5% este mês e o já comentado aumento do milho, importar gasolina ou importar etanol de milho (esse, nem por sonho) para atender ao aumento da demanda potencial de combustível da ordem de 2.5-3.0 bilhões de litros por ano, vai ser tarefa muito complicada. Para o governo, melhor seria diminuir o consumo de gasolina via preço e planejar muito bem o que quer de anidro para o ano que vem.
Exportadores indianos não estão com pressa em exportar seu açúcar na esperança de preços melhores no mercado internacional em função dos feriados do Ramadan e das recorrentes preocupações com o clima no Centro Sul afetando a moagem de cana. Existe boa demanda vinda do oeste asiático e da África. Quem poderia dizer, hein?
Para adicionar nuvens negras e pesadas a todo esse quadro que vemos, a tentativa de abertura de capital por parte de uma empresa do setor, vulgo IPO (oferta pública inicial), acabou não vingando. O clima no mercado financeiro mundial é ruim e os investidores preferem correr para portos mais seguros a se aventurar em mares revoltos. Esse, sem dúvida, é mais um ônus que o setor sucroalcooleiro acaba pagando pela falta de transparência, planejamento e de política direcionada ao setor por parte do governo federal. A preocupação do potencial investidor local ou do estrangeiro é muito menos pela direção do mercado (se os preços estão em alta ou em baixa), mas muito mais em como precificar o produto que será produzido. Enquanto o açúcar flutua pelo livre mercado e adere aos seus fundamentos refletidos ao longo de curva de preço nos mercados futuros até 2015, o etanol é uma incógnita cujo preço depende da gasolina subsidiada e de uma política concebida por gente cuja caixa craniana possui quantidade escassa de massa cinzenta.
O mercado já fala em safra acima de 565 milhões de toneladas para 2013/2014 devido aos novos plantios ocorridos neste ano.
A queda dessa semana pode se atribuída aos fundos que olham o preço médio de 200 dias do mercado. Toda vez que NY cruza essa linha para baixo, a gente começa a ver uma quantidade enorme de fundos liquidando suas posições e/ou tomando lucro. Foi isso que aconteceu em parte na semana que passou e já aconteceu outras vezes também , conforme comentado aqui neste espaço.
O custo de produção do anidro e do hidratado, de acordo com o modelo desenvolvido pela Archer Consulting, é de R$ 1,1802 e 1,1330, por litro na usina, respectivamente. Comparando com o fechamento da BM&F Bovespa, o hidratado apresenta uma rentabilidade média de 0,77% comparada ao custo de produção para o segundo trimestre de vencimento de 2012.
Bons negócios e um excelente final de semana para todos.
Arnaldo Luiz Corrêa
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